Muitas pessoas iniciam o processo terapêutico com uma dúvida comum: “E se eu não souber o que falar?” Esse receio é mais frequente do que parece — e também faz parte do processo.
Muitos chegam ao primeiro encontro imaginando que precisam ter um roteiro pronto ou um “grande problema” na bagagem. A verdade é que o vazio inicial, aquele instante em que você olha para o psicólogo e não sabe como começar, é tão significativo quanto as narrativas mais detalhadas. É justamente nesse espaço de hesitação que nascem as perguntas genuínas: “O que realmente me incomoda?” e “Por que sinto essa angústia?”
O lugar onde o silêncio fala alto
Na sala de psicoterapia, o silêncio não é ausência, é convite. Ele dá ao psicólogo a oportunidade de escutar não apenas as suas palavras, mas as nuances do seu tom de voz, os gestos contidos e as emoções que ainda não encontraram nome. Enquanto você respira e observa seus próprios pensamentos, o psicólogo utiliza a escuta ativa para ajudar a traduzir esse material bruto em compreensão, transformando hesitações em pistas que apontam para o que precisa ser trabalhado.
Quando o “não ter o que dizer” vira ponto de partida
Não saber por onde começar pode parecer um obstáculo, mas, na prática, é o estopim para as reflexões mais profundas. Ao dizer “não sei falar”, você revela um espaço interno que merece atenção: pode ser o medo de reviver algo doloroso, a dificuldade de se conectar com suas próprias emoções ou até a crença de que seus sentimentos não importam. Esse “vazio” é valioso, pois mostra onde está concentrada a sua energia emocional — e, consequentemente, onde o trabalho terapêutico fará a maior diferença.
O psicólogo como guia na construção da fala
Muito além de responder perguntas, o psicólogo faz perguntas que ajudam você a descobrir o que está por trás do silêncio. Com calma e empatia, ele convida você a descrever uma sensação, a contar um trecho de um sonho ou a compartilhar um simples pensamento que tenha atravessado sua mente. Aos poucos, esses fragmentos se conectam, revelando um panorama interno que nem sempre aparece à primeira vista.
Começar é, muitas vezes, o ato de maior coragem
Se você se identifica com a ideia de não ter “nada de relevante” para dizer, saiba que esse próprio sentimento já é assunto importante. A coragem de admitir o silêncio demonstra abertura para o autoconhecimento, e é exatamente essa postura que facilita o progresso terapêutico. Dar o primeiro passo significa aceitar que a transformação pode surgir de pequenas revelações e que, a cada encontro, o diálogo interior ficará mais claro e consistente.